O prédio onde moro atualmente fica localizado entre um parque e um asilo, o que me dá o privilégio de desfrutar de uma vista linda, muito verde e vizinhos que nao fazem quase nenhum barulho. Meus vizinhos ansiaos, cultivam um jardim de tulipas e cuidam de um lago cheio de patinhos.
Porém, devido a faixa etária média, nao é incomum que eu veja a ambulancia estacionada na rua ao sair para o trabalho pela manha. É bastante frequente que um dos velhinhos venha a passar mal, ou até mesmo a falescer.
Esse fato me incomodava no princípio. O sinal vermelho sempre me comovia pela manha. Minha mente era banhada por uma preocupacao especuladora do tipo: "quem será dessa vez?" "Será aquela senhorinha que tomava sol no banquinho? Ou aquele senhor que passeava com o cachorro?" Mas a preocupacao dava espaco para uma breve oracao: Que Deus o abencoe e tenha misericórdia.
Com o passar dos dias, semanas, meses... A rotineira vizita da ambulancia nao me surpreendia mais. Os enfermeiros e ajudantes passavam despercebidos. Tudo se tornou parte de um conjunto repetitivo, onde a monotonia prevalesceu sobre a preocupacao.
Acredito que de uma maneira semelhante é que a consciencia humana pode ser cauterizada. A repeticao de fatos trágicos ou nao, nos faz considera-los parte de nossa rotina. Talvés como uma tentativa de auto-protecao, talvés por um processo natural de adaptacao a mudancas, a nossa mente se esquiva de tentar resolver um problema que se repete todos os dias.
E dessa forma nem ao menos percebemos se o senhorzinho ainda esta a passear com o cachorro, se a senhorinha ainda esta sentada tomando sol no banquinho, se o mendigo ainda esta sentado a pedir esmolas, a crianca ainda esta no farol...
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