Religião, igrejas, tradições, costumes...
Sou grata a Deus por ter sido criada em um lar cristão. Quando fecho os meus olhos ainda consigo escutar com uma certa nostalgia, as doces cancões infantis entoadas nas escolinhas de domingo pela manha. Ao sair do Brasil, eu senti logo nas primeiras semanas, um grande vazio nos domingos pela manha e, então, a necessidade de encontrar o meu povo novamente...
Até hoje, a igreja com a qual mais me identifiquei foi a
All Nations Reformed Church, em Halifax, Canadá. Os sermoes do Pastor Dave eram breves, sem grandes apelos emocionais, gritos, ou historinhas. Eram discursos coerentes e bem elaborados, fundamentados na palavra somente, e que prendiam a minha atenção em cada frase.
Aqui na Alemanha eu não tive a mesma sorte ao visitar as igrejas locais. Em dois anos, tive tempo de peregrinar por diversas delas. Uma das que me lembro foi uma Comunidade de Martin Luther, nas proximidades do prédio onde eu morava. Ao chegar para o culto, me deparei com um mendigo sentado na escadaria da porta e tremendo de frio. As pessoas passavam por ele apressadas, alguns deixavam uma moeda no copinho, outros não. Eu também passei por ele. Entrei no templo quentinho, e sentei-me confortavelmente nos bancos estofados. As músicas eram entoadas por uma cantora de voz encantadora e músicos excelentes, mas eu não entendia uma só palavra (naquela época o meu alemão estava péssimo). Porém, para minha surpresa, a última cancão, era uma cancão em Inglês, que dizia mais ou menos assim:
Oh my Lord,
I really want to know you
Hallelujah
Hare Krishna
Epa! Você sabe o que significa
Hare Krishna? Essa palavra é, na verdade, um mantra indu. E a música em Inglês não é uma música religiosa (
veja a letra completa aqui), mas sim uma composição de George Harrison. Depois dessa, eu me levantei e saí.
Sentado na escada da entrada, lá estava novamente o mendigo. Ele olhou para mim e o meu coração doeu naquele momento. Ele parecia estar com muito frio. O que eu poderia fazer por ele? O que eu tinha para oferecer? Ve-lo ali sentado era como olhar para um doente perecendo na porta do hospital. Mas nem ao menos conversar em alemão eu conseguiria.
Havia uma padaria lá perto. Comprei uma rosquinha e um café para viajem, voltei, e entreguei-os ao mendigo.
Chegando em casa, com ajuda, escrevi um e-mail para o pastor daquela igreja, contando sobre os ocorridos fatos. Ele me respondeu, mas acho que não entendeu exatamente o que eu quis dizer. E eu nunca mais voltei lá...
Visitei muitas outras igrejas depois dessa, mas sempre esbarrei em um ponto: A ceia.
Em todas as igrejas alemãs que visitei, a ceia é tomada em um mesmo cálice. Todas as pessoas bebem de um mesmo copo grande cheio de vinho. Eu, particularmente, tenho alguns problemas com isso... Prefiro ter o meu copinho individual do que compartilhar isso com pessoas que não conheço.
Mas o Senhor é misericordioso e preparou para mim uma família brasileira e crista aqui na Alemanha também. Essa família é chamada grupo Jabez. Muitas alegrias temos compartilhado juntos. A última delas, foi na semana passada, quando apresentamos alguns cânticos em português que havíamos ensaiado, em uma igreja alemã.
A igreja em que fomos cantar, embora protestante, continha velas, crucifixos e ... freiras!
É uma diferença de costumes bastante grande, não?